VERGONHOSO: PMs enfrentam batalha para receber seguro
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Policiais que se ferem em ocorrências ou acidentes têm dificuldades para receber indenização
Por: Fernando Granato
fernando.granato@diariosp.com.br
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Passava das 8h do dia 11 de julho de 2013 quando o sargento da Polícia Militar Djalma da Silva Junior recebeu uma chamada, via rádio, para atender a uma ocorrência de assalto a uma fábrica dentro de um condomínio de empresas em Arujá, na Grande São Paulo.
A viatura do policial foi a primeira a chegar ao local, dominado por 15 homens fortemente armados. Os bandidos mantinham funcionários como reféns. Nem bem parou, o carro da PM foi recebido a tiros de fuzil. Um deles atingiu a cabeça de Djama.
O soldado Kevin Kitahara estava ao lado do superior na hora dos tiros. “Quando eu o vi caído entre os bancos, me bateu o desespero”, contou. Passados três anos, o sargento vive hoje com uma prótese de acrílico que lhe reconstituiu parte do crânio. Ele ainda tenta superar o problema, mas não conta com ajuda de quem mais deveria lhe dar a mão nesse momento: o Estado, que o colocou frente a frente com uma arma de guerra.
“Meu marido já recebeu uma parte do seguro, mas ainda falta a indenização”, queixa-se Patricia Xavier de Almeida Silva, mulher do sargento. Ela conta que quando tudo estava certo, a assessoria jurídica da Secretaria de Segurança Pública fez uma ressalva. “Eles questionaram o fato de meu marido ter assinado um documento para receber o pagamento, já que ele foi considerado incapaz”, disse.
Segundo Patricia, no dia que o documento foi ratificado, na secretaria, ela própria leu os papéis e ainda perguntou ao funcionário quem deveria assinar, já que seu marido conseguia fazer a rubrica, mas estava impedido de escrever por extenso. “Disserem que ele poderia assinar”, contou.
Após disso o processo parou. Uma nova perícia foi solicitada. “Passamos mais uma vez na junta e o médico o examinou e disse que iria apenas afirmar o que já estava no primeiro laudo”, contou Patricia.
Os documentos voltaram para a SSP e novamente emperraram na burocracia “Agora pedem para eu interditá-lo. Para isso eu tenho de entrar com ação para pedir uma liminar. Estou precisando do dinheiro e ninguém esta nem ai”, desabafou.
A situação do sargento Djalma não é isolada. Segundo o coronel da reserva José Vicente da Silva, a falta de apoio aos PMs vítimas de ocorrências é um sério problema da corporação. “Falta assistência jurídica e médica. Para se ter uma ideia, no hospital da Polícia Militar faltam 80 médicos. Se não repõe nem os médicos que se aposentam, imagine como o Estado trata o seguro.”
A secretaria respondeu que o processo de indenização do sargento aguarda a nomeação de um curador para cuidar do trâmite administrativo. “A família está providenciando a documentação e um advogado”, disse a assessoria.
FONTE POLICIAL BR